Atualmente assiste-se a um debate que considero vazio de conteúdo. Vacinar ou não vacinar, para mim, não deveria ser questão. Recuando um pouco, até 1998, com a publicação de um artigo na reconhecida revista Lancet é associada a vacina VASPR ao autismo. Poder-se-á dizer que se inicia aqui o movimento antivacinação, defendendo que o uso de vacinas poderá ter efeitos deletérios (prejudiciais), nomeadamente a associação a problemas neurológicos. Não há, atualmente, qualquer evidência científica que sustente esta relação. Aliás, mais tarde, em 2004, verifica-se que o estudo acima referido foi fraude, surgindo à posteriori diversos estudos que refutam a ligação por ele expressa. No entanto, ao invés desta teoria cair por terra, perpetuou-se.
Mas para que servem as vacinas e porque se reforça a necessidade de cumprimento do preconizado no Plano Nacional de Vacinação? O ser humano é vulnerável a vários microorganismos e, sendo um ser pensante, desenvolveu meios de minimizar esta vulnerabilidade. As vacinas, por um lado, imunizam as pessoas vacinadas de doenças específicas e, por outro, interrompem a circulação de microoganismos entre as pessoas: graças à vacinação, desde 1980, a varíola está erradicada.
Compreende-se assim que a falta de vacinação poderá ser um grave problema de saúde pública. Foquemo-nos nos dados transmitidos pela comunicação social relativamente ao aumento do número de casos de sarampo. Deve-se à falta de vacinação contra o sarampo (a famigerada VASPR, do estudo publicado no Lancet) um aumento do número de casos desta doença na Europa. Não havendo transmissão endémica de sarampo em Portugal, novos casos podem ter sido adquiridos no exterior, dado que muitos pais não vacinaram os filhos. Existindo estas quebras de segurança, poderá ficar o ser humano em risco e, consoante a gravidade da doença, pode nalguns casos graves, resultar em incapacidade, ou mesmo, morte.
?Na sociedade atual, em que a informação está à distância de um clique, importa que a saibamos analisar. As vacinas são consideradas o meio mais seguro e eficaz de proteção contra algumas doenças, tendo uma excelente relação custo/efetividade. Não havendo evidência de efeitos deletérios das vacinas, vale a pena arriscar?
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